Lembro-me quando tinha três anos, minha mãe gostava de ler histórias de contos de fadas para mim, eu adorava ouvir a história da chapeuzinho vermelho, porém morria de medo do lobo mal. Tanto que dormia com minha mãe toda vez que ela me contava essa historia.
Sempre gostei de ler, principalmente fábulas, me perdia em meio a tantos livros cada um mais interessante que o outro, eu era fascinada pela historia do “Jeca tatu”, a primeira vez que a li foi em um livro de língua portuguesa quando estudava na 6ª serie.
Sempre fui muito incentivada a gostar de literatura e sempre gostei, porém não sabia qual era importância de tal ato para minha vida, talvez porque me desse prazer, ou por me distanciar desse mundo e me levar a conhecer lugares fascinantes como em “o jardim secreto”, livro infantil do Frances Hodgson Burnett, quando a curiosidade de Mary me levava a imaginar como seria tal jardim e no decorrer das discrições dentro da obra fazia-me estar dentro da historia. Até já me atrevi a fazer poemas, era engraçado que eram o único modo onde eu conseguia exprimir o que me acontecia interiormente, as paixões pré-adolescentes...
Nunca me perguntaram qual a importância da literatura na minha vida, seria meio complicado responder tal pergunta. Mas hoje eu posso dizer que a literatura, de fato, mudou a minha vida, o curso de letras mudou a minha vida, pois instigou em mim a curiosidade de buscar, de conhecer autores incríveis de grandes méritos que sabiam muito bem como me colocar dentro de sua obra e me fazer transitar dentro dela querendo saber cada vez mais e mais. São autores que passei admirar como Fiódor Dostoievsky, o modo como ele nos mostra o psicológico de seus personagens. Recordo-me assim que entrei pra faculdade, um de meus professores, Antonio Egno, nos perguntou por que havíamos escolhido o curso de letras? Eu respondi que havia escolhido esse curso porque não tinha opção, e hoje me envergonho de tal resposta, porque foi a partir dos olhos do professor Egno que me encantei por literatura quando em suas aulas ele falava com tal ênfase de obras, de autores e era admirável a maneira como ele falava porque eu podia perceber que ele adorava esse mundo, e foi então que reconheci não estava perdida nesse curso, que poderia tirar muito aproveito e extrair o máximo possível.
A literatura tornou-me uma pessoa diferente, mudou meu modo de falar, de sentir, tornei-me uma pessoa mais sensível que sabe dar mais valor a pequenas coisas e encontrar nelas a poesia da vida, poesia essa que, fez com que eu me sentisse mais humana, mais viva, mais liberta. Fez-me ver também que eu não conhecia muito sobre mim mesma, me fez voltar ao meu interior e ver que lá dentro existe uma pessoa com capacidades incríveis. Os livros hoje são a minha vida, é o ambiente onde eu me identifico, onde eu me revelo, onde vejo a vida de um ângulo mais realista assim como diz Antonio Candido “a literatura não corrompe nem edifica, mas humaniza em sentido profundo porque faz viver”.
